Monitorização

Origem do Lixo Marinho - identificação das fontes

O lixo/detritos que entram no oceano são provenientes de muitos locais e fontes difusas, sediadas em terra ou no oceano. Podem também ser transportados por longas distâncias acabando por ser depositados na orla costeira ou no fundo dos oceanos e mares. rastrear a sua origem e potencial fonte é uma tarefa complexa especialmente quando o lixo/detritos permanecem por longos períodos no ambiente marinho. Materiais, itens e categorias estão ligados às fontes. Um sistema de hierarquização de categorias por grupos de acordo com o seu tipo e aplicação, permite sempre que possível alocá-los em diferentes fontes. As listas usadas em monitorização como guia para identificação e classificação dos itens de lixo encontrados nas praias e zonas costeira podem ser usados como indicadores de origem e permitem construir uma matriz de origens, nomeadamente a partir do setor económico ou a atividade antropogénica que originou o lixo.

O lixo/detritos que entram nos mares e oceanos são provenientes de muitos locais e fontes difusas, sediadas em terra ou no mar. Podem também ser transportados por longas distâncias acabando por ser depositados na orla costeira ou no fundo dos oceanos e mares.
A identificação das fontes pode tornar-se uma tarefa difícil, especialmente quando o lixo/detritos permaneceram no ambiente marinho por longos períodos. A identificação de alguns objetos, em particular os fragmentos resultantes da desintegração de objetos maiores, pode tornar-se uma tarefa árdua ou mesmo impossível se se pretender rastrear até à sua possível origem e utilização inicial.
Os produtos tornam-se “lixo” quando são rejeitados de modo inadequado, abandonados ou perdidos nos espaços públicos e no ambiente, durante qualquer fase do seu ciclo de vida. É comum definir-se como FONTE de lixo o setor económico (p.ex. pesca, navegação, turismo, saneamento) que são responsáveis pela descarga inicial de lixo/detritos. Contudo este tipo de conhecimento não nos diz muito sobre o porquê e como um determinado objeto termina o seu percurso no mar. Para que possam ser implementadas medidas efetivas de combate à poluição porlixo/detritos marinhos é necessário entender as razões porque esses objetos se tornaram lixo e o modo como entram no ambiente marinho.
Para além do setor económico de origem ou da atividade antropogénica que originou o lixo é necessário ser mais específico relativamente aos meios de descarga indicando o mecanismo ou a via segundo a qual um dado objeto deixa o ciclo de vida para o qual foi concebido e/ou entra no ambiente urbano ou natural e se torna um problema.
 A capacidade de distinguir os resíduos que são gerados localmente, dos que são gerados a nível regional e global, é importante quando se torna necessário adotar medidas de prevenção para o lixo marinho numa determinada área.
A poluição causada pelo lixo/detritos numa determinada área pode ter origem local – lixo/detritos diretamente rejeitados na praia ou no mar – ou pode ter proveniência em zonas do interior e serem transportados através dos rios e escorrências ou transportados até regiões distantes pelas correntes oceânicas e ventos predominantes. Com frequência os rios ou as correntes dos oceanos são descritas como fontes, mas na realidade são meros mecanismos de transporte que mobilizam lixo/detritos para o ambiente marinho a partir de fontes terrestres e marítimas. Este percurso é a via física ou técnica como o lixo/detrito entra no ambiente marinho. Por exemplo: os cotonetes são incorretamente deitados nos sanitários (meio de descarga), pelos consumidores (fonte) e entram no ambiente marinho através das águas residuais urbanas. Mesmo quando o efluente é tratado, a ETAR não deve ser considerada como fonte, uma vez que não é responsável pela rejeição em primeiro lugar. Porém, estas são intervenientes ativas no processo uma vez que ao longo do percurso dos cotonetes estes podem ficar retidos em alguma das operações na ETAR representando por isso uma etapa fulcral para uma possível intervenção.

Pode considerar-se que as fontes de lixo marinho têm duas componentes: a identificação em termos de produção - atividade durante a qual a perda ou a formação de lixo ocorre e a origem espacial do lixo - o local/ponto de entrada do lixo no ambiente marinho. Ambas são cruciais para a compreensão dos fluxos do lixo marinho e assim identificar as medidas que são necessárias adotar. 

Entre as principais fontes de lixo marinho de origem terrestre, incluem-se:

Lixo Público - uma grande variedade de detritos (lixo) são descartados, quer acidental quer intencionalmente, pelos cidadãos nas praias, nas zonas costeira ou nos rios resultando daí a sua introdução no ambiente marinho. O turismo e as atividades recreativas e de lazer são as fontes chave deste tipo de lixo;
Gestão inadequada de resíduos - práticas pouco adequadas de gestão de resíduos podem dar origem a que detritos (lixo) provenientes da recolha e transporte de resíduos e aterros entrem no ambiente marinho. Embora o lixo possa ser produzido a muitos quilómetros da costa, uma gestão pouco adequada das zonas costeiras, das zonas ribeirinhas, dos aterros e as deposições ilegais são motivos chave de preocupação;
Atividades industriais - os produtos industriais podem ser introduzidos no ambiente marinho em resultado de deposições não apropriadas ou de perdas acidentais durante o transporte, tanto em terra como no mar. As pequenas esferas de resina (pellets), matéria-prima para a produção de plástico, são frequentemente encontradas durante as campanhas de monitorização de lixo marinho nas praias;
Detritos relacionados com tratamentos de águas residuais - resultam de descargas de efluente não tratado no ambiente marinho, quer por falta de instalações de tratamento de efluentes quer por fenómenos combinados com transbordo de esgoto;
Descarga de águas pluviais – detritos/lixo podem acumular em sistemas de drenagem e serem subsequentemente descarregados no ambiente marinho durante as tempestades.

As principais fontes de detritos/lixo com origem nos mares/oceanos são: a navegação comercial, a indústria da pesca, as embarcações de recreio e as instalações off-shore. O lixo produzido no mar entra no ambiente marinho tanto via descargas acidentais como deliberadas e a sua proveniência vai desde detritos produzidos  a bordo (p. ex.: na cozinha) a contentores de carga.
O lixo encontrado no mar resulta de:
Indústria da pesca - artes de pesca incluindo redes, cordas e outros artefactos são alguns dos elementos mais visíveis no lixo marinho e resultam de falha nos mecanismos de remoção, perda acidental de artefactos ou abandono deliberado de redes, cordas e outros resíduos pelas tripulações;
Navegação - apesar da legislação internacional proibir a deposição de itens manufaturados no mar (Anexo V, MARPOL), estes continuam a ser acidentalmente ou deliberadamente descartados ou inadequadamente armazenados por navios, particularmente de longo curso. Uma situação preocupante é o frequente abandono de contentores de carga por navios comerciais;
Indústria do lazer - proprietários e operadores de embarcações de recreio podem acidental ou deliberadamente descartar resíduos e outros itens manufaturados. Neste lixo incluiem-se: embalagens de comida, garrafas de plástico e artefactos de pesca desportiva;
Plataformas off-shore de exploração de petróleo e gás - desta atividades pode resultar a libertação acidental ou deliberada de uma vasta gama de itens. Nesta se incluem itens como: luvas, capacetes bem como resíduos gerados pela exploração e recursos de extração.

Fonte: Veiga, J.M., Fleet, D., Kinsey, S., Nilsson, P., Vlachogianni, T., Werner, S., Galgani, F., Thompson, R.C., Dagevos, J., Gago, J., Sobral, P. and Cronin, R., "Identifying Sources of Marine Litter", MSFD GES , TG Marine Litter Thematic Report. JRC Technical Report. EUR, 2016.